Vilma Reis pede bênção a Obaluaê na Caminhada Azoany

Cortejo de seis quilômetros teve banho de pipoca, afoxé e manifestações de apoio à candidata

A rua das Laranjeiras, no Pelourinho, foi o ponto de partida da 24ª Caminhada Azoany na tarde de hoje (16/08), após dois anos sem essa grandiosa manifestação de fé pelas ruas do centro de Salvador. O jejum compulsório da pandemia, entretanto, não arrefeceu os ânimos de filhas e filhos de santo, adeptos de religiões de matriz africana, em sua devoção a Obaluaê e Omolú (São Roque e São Lázaro na Igreja Católica), celebrado no dia 16 de agosto. A roupa branca predominou entre as centenas de pessoas que seguiram o cortejo até a Igreja de São Lázaro, na Federação, pedindo bênçãos, rezando, cantando, homenageando as entidades de sua devoção.

Conhecedora de suas obrigações como filha de Xangô, a socióloga e candidata a Deputada Federal (PT), Vilma Reis, recebeu dezenas de manifestações de apoio e carinho ao longo dos seis quilômetros do percurso. Em São Lázaro, Vilma reencontrou amigos e resgatou memórias do tempo em que ajudava o pai em sua barraca. Ex-ferroviário, seu Wilson Ramiro dos Reis completava a renda vendendo bebidas e comidas nas festas de largo. “Esse aqui é Raimundinho, em sua barraca Omolú de Tempo. Ele é meu amigo, irmão e mestre desde que cheguei com 13 anos, de Nazaré das Farinhas, no Recôncavo. Raimundinho me ensinou a ler editoria de política na Folha de São Paulo (jornal), e me ajudava a fazer as tarefas da escola. Raimundinho pra mim, é inesquecível!”, declarou.

A caminhada ao toque do afoxé, seus atabaques e agogôs, banho de pipoca e a demonstração de resistência da população negra, na verdade é a culminância das celebrações iniciadas pela manhã, com missa na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. O ritual ocorre anualmente no dia 16 de agosto. Este ano, em meio aos contextos de racismo religioso vivenciados em todo o país, a Caminhada Azoany aconteceu sob a temática “Cultura e fé: Azoany orixá e Inkise na defesa do Povo de Santo”.